A famosa Samanta - DJ Blog

A famosa Samanta

Publicado em domingo, 4 de dezembro de 2011

(Imagem: Reprodução)

― Finalmente vou conhecer a famosa Samanta... ― disse Gustavo.

― Você vai amar a Samanta, Gu! ― disse Suzaninha.

Suzaninha não parara de sorrir desde que recebera o telefonema da irmã dizendo que chegaria no dia seguinte e ficaria com eles. Samanta não era apenas sua irmã mais velha. Era o seu ídolo. Gustavo já cansara de ouvir as histórias de Samanta que Suzaninha contava um brilho nos olhos.
Samanta fumando na mesa para desafiar o pai, e apagando o cigarro no pudim para escandalizar a mãe. Samanta namorando três ao mesmo tempo e tratando os namorados como empregados ("Homem só serve para carregar peso" era uma das suas frases).
Samanta não apenas aderindo a todas as causas nobres como assumindo a liderança do movimento. Samanta mandando em todos à sua volta, e sempre conseguindo o que queria.
Samanta brilhante.
Samanta fantástica.
Samanta irresistível.
Gustavo não estava em casa quando Samanta chegou. Suzaninha abraçou a irmã, emocionada. Samanta afastou-a, examinou-lhe o rosto e a roupa e decretou:

― Você está péssima.

― Você está linda!

― Esse seu marido não cuida de você, não?

― Cuida. Ele é formidável. Você vai ver.

E depois:

― Você vai amar o Gustavo, Sam!

Samanta dormiria numa cama de armar na salinha do computador do Gustavo. Depois de examinar o apartamento com uma leve expressão de desencanto, Samanta atirou-se numa poltrona, aceitou uma bebida. Depois um relatório de casa, onde continuava tudo a mesma merda. A novidade era ela. Samanta tinha um plano.

― Suzaninha, decidi ter um filho.

― O quê?!

― Um filho. Você sabe, aquelas coisas que saem de dentro da gente e fazem barulho.

― Mas assim, sem mais nem menos?

Suzana queria dizer "sem casamento nem marido?"

― Sem mais nem menos, não. Será uma coisa muito bem planeada. Para começar, preciso encontrar o homem ideal. É para isso que estou aqui.

― Não era você que dizia que homem só serve para carregar peso?

― E segurar a porta. Mas reavaliei meus conceitos. Também servem como reprodutores, até que inventem coisa melhor.

Samanta pôs-se a descrever o homem que procurava. O físico. O temperamento. O jeito de ser. O posicionamento político ("De esquerda, mas não muito"). E quanto mais Samanta falava, mais Suzaninha sentia um vazio no estômago. Não havia como evitar a conclusão aterradora: Samanta procurava um homem como Gustavo. E Samanta sempre conseguia o que queria. Quando Samanta disse "Mas, me fale sobre você", Suzana já tinha decidido o que fazer. E quando Samanta comentou não podia esperar para conhecer o famoso Gustavo, disse:

― Eu me esqueci. Hoje ele tinha médico.

― Médico? Algum problema?

― Nada demais. Quer dizer, é chato mas...

― Suzeca. Não me diz que...

Suzaninha fez que "sim" com a cabeça. Sim, era o que Samanta estava pensando.

― Disfunção eréctil.

― Suzaninha! Mas hoje existem esses remédios...

― Nada funciona com o Gustavo.

Quando Gustavo chegou, deu com as duas irmãs abraçadas no sofá, Samanta acariciando a cabeça de Suzaninha e dizendo:

― Suzeca, Suzeca...

Durante o jantar, Suzaninha viu Samanta examinando Gustavo e pensou: "Ela deve estar pensando ele é tudo que eu queria, mas não serve, maldição, não serve, pobre da Suzaninha."

E Samanta, examinando Gustavo, pensou "Hmmm, essa disfunção eréctil eu curo, ah se não curo". Pois Samanta não apenas descobrira o reprodutor que queria, também descobrira outra causa nobre. Suzaninha ainda lhe ia ficar grata.

Luís Fernando Veríssimo.

Ótimo domingo...

Bjins

4 comentários:

Unknown disse...

Oi linda!
Passei para desejar uma ótima semana!
Beijos!
Mila
www.estiloallure.com

Unknown disse...

Tinha que ser Veríssimo!!! adorei, mas sai pra lá com uma irmã dessa rsrs
BjoBjo;)
Celina Alves
Luxos e Luxos

Anônimo disse...

Adorei o texto.
Verissimo e Verissimo nao tem jeito.
Beijos
Cleo de Lucca
minhaamigamedisse.blogspot.com

Deyse Joyce disse...

Veríssimo é Veríssimo ne!!!

Bjins



@dejotablog